Vivemos tempos difíceis. No mundo actual, globalizado, as crises deixaram de ser localizadas, nacionais, e ultrapassaram fronteiras e continentes.
Os políticos, habituados a arranjar um culpado para todas as coisas, atiram as culpas para os Estados Unidos e a China, a Rússia e o Iraque, a Venezuela e a OPEP. E a União Europeia, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e os peritos do costume dizem que a culpa é do dólar, do petróleo e da escassez de matérias-primas e de alimentos. Encontram sempre uma explicação conveniente, politicamente correcta, e raramente têm a coragem de por o dedo na ferida. Porque a ferida é dolorosa. A ferida, a chaga do mundo actual, é querer consumir mais do que aquilo que se produz. A ferida é gastar muito e trabalhar pouco. E isso não é possível sem provocar desequilíbrios e injustiças. Num mundo de recursos escassos, para alguns consumirem em excesso, outros terão de passar fome. Há, pois, que trabalhar e produzir mais, fazer mais sacrifícios.
E de quem se espera tal comportamento? De toda a sociedade, obviamente. Mas principalmente dos jovens, porque é deles o futuro. E estarão estes disponíveis para tão importante tarefa?
Vejamos o exemplo de quatro jovens licenciados que eu conheço:
Bernardo, 25 anos, licenciado em Economia, filho de pai arquitecto e mãe professora. Concluída a licenciatura com boa classificação foi trabalhar para uma multinacional de auditoria. Vencimento inicial 900 Euros mensais. Ao fim de TRÊS dias despediu-se alegando excesso de trabalho. Dada a sua reconhecida inteligência, regressou à Universidade onde se encontra a frequentar um mestrado. Há-de fazer carreira no ensino, na administração pública, ou na política.
Maria, 28 anos, licenciada em Engenharia e Gestão Industrial, filha de pai operário e mãe empregada doméstica. Para pagar os estudos trabalhou na cantina da Universidade durante todo o curso. O seu primeiro salário como estagiária duma multinacional francesa foi de 800 euros. Trabalhou em várias sucursais europeias dessa empresa, regressando a Portugal para chefiar um importante departamento. Pela sua capacidade de trabalho e espírito de sacrifício tem o futuro assegurado. Aqui ou em qualquer outro lugar.
Vanessa, 26 anos, licenciada em psicologia, filha de pai director fabril e mãe técnica de qualidade. Primeiro e único salário, 800 Euros mensais. Está há dois anos desempregada. Recusa trabalhos não compatíveis com a sua formação universitária. Apesar dos limitados meios de fortuna dos seus progenitores tem um apartamento alugado, automóvel, e dá-se ares de pessoa importante.
António, 28 anos, licenciado em matemática. Filho de pais pequenos comerciantes. Depois de uma curta e frustrante experiência como professor, decide apostar num negócio próprio. Arrisca, investe e cria uma equipa de trabalho. Pequena mas coesa. O negócio expande- -se, consolida-se e prospera. Hoje orgulha-se de ser considerado um jovem empresário de elevado potencial.
Quatro jovens, quatro casos. A Maria e o António, aliando humildade, trabalho e risco, têm carreiras de sucesso. O Bernardo e a Vanessa, que se julgam credores de todos os direitos e mordomias marcam passo, vivendo à custa dos pais e da sociedade.
Felizmente há mais Antónios do que Bernardos e mais Marias do que Vanessas.
É isso que me faz acreditar num futuro melhor.
Ate amanha boa gente da terra que me viu nascer, da nossa linda terra dos sonhos
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
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