sábado, 24 de outubro de 2009

Um governo para quatro anos

Como previra há dias o responsável máximo pela Fundação Res Pública, António Vitorino, temos um governo feito de experiência e abertura à sociedade. O significado não pode ser mais claro: pronto a governar quatro anos, capaz de responsabilizar quem o preferir derrubar.

Nas pastas «técnicas», especialistas, sem concessões ao «aparelho»: Agricultura, Ambiente, Obras Públicas. Em áreas sectoriais bem definidas, como a Educação, a Saúde, a Ciência ou a Cultura, um equilíbrio entre os estreantes e a continuidade, sempre com perfis discretos e competentes.

Nas áreas políticas, bem mais do que o «núcleo duro» de que tanto se falou nas últimas semanas, todos têm anos de trabalho político, essencial para o conhecimento mútuo e para o reconhecimento institucional mesmo pelos adversários: a passagem de João Tiago Silveira de porta-voz do PS a porta-voz do Governo simboliza uma funda renovação do PS, que ficará para a História como o real legado de Sócrates, e a passagem de Augusto Santos Silva para a Defesa reconhece a competência e experiência do ex-ministro dos Assuntos Parlamentares. Na esteira de Vitorino, de certo modo. De resto, a estabilidade, mesmo com Vieira da Silva a sair para a Economia (um sinal aos agentes económicos de que a crise não justifica qualquer medida).

Na Justiça, de que depende a sorte de qualquer república, um rosto novo mas não inexperiente. Um bom augúrio. O resto é ruído, da oposição que tanto se queixa de continuidade como de falta de vedetas e das fantasias dos nomes publicados nas últimas semanas.

José Sócrates continuará a reger a política nacional.

Carlos Leone (investigador e docente universitário)

(Publicado ontem no DN)

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