sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O caminho faz-se caminhando

Algumas leituras de Aristóteles entendem por phronesis uma noção que abarca não só a capacidade agir sobre o meio provocando a mudança, mas também a definição das metas que se pretende atingir com essa mudança. A política, como gestão da coisa pública, pressupõe os dois talentos: a definição dos fins, e a selecção dos meios adequados. O político, o bom político, tem o talento de ser capaz de combinar esses meios para atingir os fins.
O que diferencia o PS nestas eleições dos partidos à sua esquerda e à sua direita está sumariado no conceito acima. O PS partilha com a sua esquerda muitos dos fins, mormente no que diz respeito a um Estado Social mais abrangente, a um combate consistente à pobreza e exclusão, a uma melhoria na distribuição do rendimento, a um serviço nacional de saúde progressivamente melhor e progressivamente mais abrangente, a uma educação pública de qualidade, a um sistema público de Segurança Social, a um combate eficaz às chagas sociais do desemprego, do trabalho precário, dos falsos recibos verdes, entre tantas outras. Mas, como disse recentemente José Sócrates, "nem Estato Mínimo nem Estado total". E o PS diverge da sua esquerda nos meios totalitários e de má memória, em Portugal, usados para atingir esses fins.
O PS comunga da visão da esquerda democrática que respeita a propriedade privada de todos, que respeita a livre iniciativa e que promove o crescimento. A sociedade, para o PS; não é afogada num Estado repressivo, porque a liberdade é um valor fundamental.
Nesta matéria, não há papões agitados pela direita que nos assustem. O PS foi o partido do combate à ditadura, mas foi também o partido na linha da frente do combate ao gonçalvismo e às formas de substituição do Estado Novo por uma ditadura totalitária que estavam na agenda de Cunhal. Ninguém no PS recebe lições sobre os perigos dos totalitarismos de esquerda ou de direita porque o passado deste partido fala por si. Temos connosco Manuel Alegre e Mário Soares, dois homens que souberam estar do lado da liberdade de expressão e da liberdade individual nos dois momentos: no 25 de Abril e no 25 de Novembro. Onde estavam todos os outros?
O PS partilha com a sua direita a percepção de que o crescimento económico é um fim crucial. Diverge, contudo, substantivamente dela, na avaliação que faz da forma de atingir esse crescimento. De que adianta ter um bom fim se não se sabe o caminho? E o caminho trilhado pelo PS permitiu a Portugal ser dos primeiros países a abandonar a recessão. O que a nossa esquerda não entende é que sem esse crescimento não há criação de emprego, nem redistribuição mais justa de rendimento. Nós queremos mais e melhor emprego. Mas sabemos que nehum país livre chega lá sem crescer. Este governo reduziu as desigualdades em 4 anos, mas a redistribuição só é possível se houver o que redistribuir. Os motores económicos propostos nos planos do BE e do PCP são fracos: reabilitação urbana, apenas. O valor acrescentado dessas actividades não permite redistribuir nada que resolva as desigualdades sociais.
A direita quer o crescimento pelo crescimento. Não sabe como o atingir, porque confunde esta crise com outras de tipo diferente. E quer o crescimento para resolver problemas nos quais não enlenca como prioridade o emprego. Para o PS, esta é uma legislatura para combater o desemprego. O que se faz crescendo. O que exige, nesta conjuntura internacional, reforço do apoio social às famílias e investimento público. Além de um programa de apoio às PME que a direita não tem.
Eu vou votar no PS a 27 de Setembro. Porque o caminho se faz caminhando. Fez-se muito até aqui. Mas há mesmo muito, com os novos desafios da crise mundial, por fazer. Quero pouco, mas o que quero é muito difícil de se obter: quero um país com liberdade de expressão e de iniciativa, com justiça social redistributiva, com desemprego baixo, moderno na economia, na tecnologia, na saúde, na sociedade e nos valores. Quero um país que não discrimine com base na raça ou religião, na orientação sexual ou na opção política. Mas quero essa sociedade mais justa e solidária, chegando lá caminhando. Não rompendo e criando conflitos potencialmente violentos em nome de amanhãs que nunca cantam. O neoliberalismo caiu com esta crise. Mas o totalitarismo de esquerda caiu com o bloco de leste. Aparentemente, apenas o PS percebe que ambos falharam.
Como dizia Joseph Stiglitz, não foi o mercado, como motor de crescimento, que falhou. Foi a visão de direita do mercado.
O bom político hoje sabe que o mercado é preciso para gerar rendimento, e as políticas sociais são fortemente necessárias para o redistribuir de forma mais justa.
O PS e José Sócrates são as soluções do futuro. Eu confio neste partido, confio em José Sócrates e confio na sua equipa.

Ate ao dia de reflexão gente boa da terra dos sonhos

Sem comentários: