sexta-feira, 8 de maio de 2009
Dr Mário Soares - Obrigado
(Dr. Mário Soares na Guarda 11/01/06)
Soares entrou nesta eleição com tudo a perder e nada a ganhar. Já não havia prestígio a ganhar, nem fama, nem grande dinheiro, nem honras, o cargo não lhe podia oferecer nada que ele já não tivesse. E, como se veio a provar, a exposição pública podia trazer-lhe, pelo contrário, ofensas pessoais de todo o género, a degradação do seu nome e prestígio, etc.
O argumento da idade, por muito que o consideremos ridículo e infundamentável, fez o seu caminho pela cabeça das pessoas e transformar o "pai da democracia" em "traidor à pátria".
"Está velho!", "Já não está cá a fazer nada!", "Já passou o tempo dele!", "E a renovação?!", "Assim são sempre os mesmos!" .... ouvi estas e outras frases vezes sem conta.
Se ser jovem é ter .... digamos ... já sendo generosos ... menos de 35 anos, nenhum jovem alguma vez chegará a Presidente da República em Portugal. Se ser jovem é ser irreverente, é ser corajoso, é avançar sem ligar ao que os outros dizem, se é ser idealista, se é ter energia, se ser jovem é querer mudar o mundo, é inovar, é querer, desejar, amar "infinitamente o finito", "desejar impossivelmente o possível" se é "querer tudo, ou um pouco mais, se puder ser, ou até se não puder ser" então Mário Soares é o mais jovem dos candidatos, é mais jovem que a maioria dos jovens que conheço; se se juntarmos a isso a experiência de 81 anos(Altura da sua recandidatura há presidência da republica Portuguesa) de experiência, estudo, livros, exílio, liberdade, política, advocacia, docência, crises e glórias, temos um sábio.
Um Sócrates que, na hora da morte beberá o cálice de cicuta até ao fim e consolará ainda os seus amigos.
Foi o que aconteceu nos minutos antes do seu discurso de encerramento da campanha. Era Mário Soares quem acalmava as pessoas que estavam com ele naqueles últimos momentos de campanha, por saber que há mais mundo para além daquilo, daquela noite, daquela eleição, mesmo além deste país e deste tempo; por saber que "podem matar uma flor, mas não poderão nunca proibir a Primavera".
E a Primavera virá.
Portugal não deixará de cumprir-se. Já esperámos mais de 400 anos ... mais 5 menos 5 ... mais 10 menos 10 .... que interesse terá isso "lá para o ano 3000 e tal"? O que interessa é o exemplo, a coragem, a vontade imensa, aquela ousadia que faz encher o peito de algo maior que a própria vida, seja na poesia, na música, na guerra ou na política.
Esse é o exemplo que vai ficar e o grande legado deste projecto, que está destinado a não acabar aqui.
A paixão pela política não acaba aqui, o amor às pessoas não acaba aqui, o sonho de um Portugal integrado na Europa e no Mundo não acaba aqui, a projecto de unir os portugueses num desígnio maior que o combate ao défice não acaba aqui. Soares não acaba aqui.
O país pode ter-se resignado, mas Soares não se resignou. O país pode ter se sentado, mas Soares saiu à rua numa luta desigual. O país pode estar de pantufas para ver o jogo de futebol e a telenovela, mas Soares preferiu tentar levantar o país do marasmo e despertá-lo da ilusão de um salvador vindo da bruma.
Soares não vai "arrumar as chuteiras". Não vai, como muitos queriam, "calçar as pantufas" e resignar-se. Um jovem não se resigna, não se conforma, não "calça as pantufas", nem "arruma as chuteiras", vai à luta, atira-se ao combate.
Soares perdeu. Mas não saiu derrotado, é novo de mais para sair derrotado de uma qualquer batalha.
"Só é derrotado quem desiste de lutar."
Soares não desistiu.
"As grandes causas não acabam."
Os grandes homens não desistem.
(Pelo que a vida me ensinou, este combate cívico não termina hoje. Em democracia, perdem-se e ganham-se eleições. É essa a regra do jogo. Mas – como sempre disse também - só é vencido quem desiste de lutar. Eu, como mais uma vez demonstrei, não desisto de lutar - "Dr. Mário Soares 22/01/06)
Ate amanha gente boa
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