

Uma palavra de agradecimento ao partido e 52 minutos de discurso para o país. Na abertura do XVI Congresso do PS, a decorrer em Espinho, José Sócrates pediu uma nova maioria absoluta e definiu o combate ao desemprego como a primeira prioridade da sua governação, logo seguido do apoio às empresas e do reforço do investimento público, de que diz dependerem estas e os trabalhadores. Lançou ataques à oposição e à comunicação social e defendeu uma democracia “livre de insultos e ataques pessoais”. Só no fim ouviu uma forte salva de palmas de uma sala ainda semi-vazia.
O recém-reeleito secretário-geral do PS abriu a sua intervenção às 20 horas em ponto e, aproveitando a abertura dos telejornais, avançou de imediato para a sua recandidatura a primeiro-ministro, o que justificou com a ideia de responsabilidade. “Responsabilidade política, porque quero submeter ao julgamento dos portugueses o trabalho do Governo”, afirmou: “Não temo o julgamento democrático”.
“Responsabilidade nacional”, porque “nunca foi tão evidente a diferença entre o PS e os outros partidos”, os quais “exibem as mesmas caras do passado”, a somar a “uns quantos discursos inflamados” ou “soluções extremistas ou radicais”. Do outro lado, Sócrates aponta-se a si próprio como “a liderança capaz de enfrentar os problemas do país”.
A recandidatura anunciada foi também “em nome da ética democrática”. Porque, considera, “há um combate decisivo a travar pela decência na vida democrática”. Sem nunca referir o caso Freeport, voltou ao tema da “campanha negra” de que lembrou já ter sido vítima em 2005 e voltou a ser agora, apontando responsabilidades “a quem faz política com as armas da calúnia e dos ataques pessoais”.
“Não podemos consentir sem um sobressalto cívico que a democracia se transforme num terreno propício para as campanhas negras”, apelou. “Queremos uma liberdade livre da infâmia e do insulto”, bradou, afirmando estar a defender a própria liberdade e a qualidade da democracia. Para que não restassem dúvidas, apontou os destinatários da mensagem: “Em democracia quem governa é quem o povo escolhe, e não um qualquer director de jornal ou uma qualquer estação de televisão”.
Investimento público
Feita a justificação política, José Sócrates definiu prioridades. O combate ao desemprego primeiro: “Farei tudo o que estiver ao meu alcance para defender o emprego”, repetiu. Depois as empresas e o investimento público – nova oportunidade para “malhar” na oposição. “Escolas, estradas, barragens, energias alternativas... do investimento público depende a sobrevivência de muitas empresas e o emprego de muitos portugueses”.
Na lista de prioridades seguem-se o apoio às famílias e o reforço da protecção social, assim como “um sistema fiscal mais justo”, uma das ideias da moção escrita por um grupo liderado por António Costa. Só depois vieram os casamentos homossexuais, e mesmo assim de passagem.
O secretário-geral reservou ainda uma palavra para a oposição interna: “No PS não há perseguidos, excluídos ou silenciados”, garantiu. “Somos um partido forte, unido, aberto, com ideias, mas também com princípios e valores”, disse elevando a voz enquanto exultava todos os antigos líderes socialistas como “referências da democracia”. Depois de homenagear o presidente do PS, António de Almeida Santos, Sócrates regressou à ideia inicial para terminar o discurso: “Neste momento de exigência, está aqui um partido bem consciente das suas responsabilidades”. Só então foi aplaudido de pé, ao som de Vangelis e sem bandeiras nem hinos.
Na nave polidesportiva de Espinho, tinham sido eleitos antes os novos órgãos do partido. Destaque para os vice-presidentes: António Costa mantém-se número dois, seguido de Carlos César, Edite Estrela, Vera Jardim e Maria de Belém, estes dois últimos apoiantes de Manuel Alegre no congresso de 2004. Hoje, como se previa, Manuel Alegre foi a ausência mais notória do congresso.
Hoje provavelmente apareço lá em Espinho para o Congresso Nacional
Ate amanha camaradas
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