segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A AUTO-ESTIMA. A SOCIEDADE, AS DESILUSÕES E A RECUPERAÇÃO DE FORÇAS



Muito se tem escrito e falado sobre a auto-estima.
Há quem diga que o rosto dos portugueses em geral, anda triste e desgostoso.
Há quem aponte como principal factor os avisos alarmistas deste governo e da crise económica e social que tem vindo a instalar-se.
Não sou psicólogo nem sociólogo mas o meu senso comum aponta-me alguns factores que têm vindo a evidenciar-se nos últimos tempos.
No campo político, é uma realidade que os os políticos da nossa praça parecem ter menos qualidade intelectual e capacidade política para se assumirem como tal. A classe política parece mais interessada em praticar a chacota, a ironia e em promover festins de ringue, do que a exercer a sua actividade em concreto. Acho que muitos políticos adoptam cada vez com mais frequência o "principe" de Maquiavel como livro de cabeceira. Eu lembro que a actividade política é uma das profissões mais nobres, visto que é destinada a servir os outros.
Estes casos de politiquice de trazer por casa, reflecte-se nas pessoas. Leva-as a manterem-se afastadas das questões importantes para o país, das questões ideológicas e entregam-se a tudo aquilo que lhes dá alegria. O futebol é disso um exemplo.
As novas gerações refugiam-se um pouco no espontâneo e em aspectos que lhe possam trazer uma sensação de novidade.
Pode parecer absurdo este meu ponto de vista mas o que mais tenho visto ultimamente são pessoas tristes por causa de desilusões amorosas. A isso não está alheio o facto de talvez haver cada vez menos maturidade em assumir relações.
Aliás. Esse é um dado comprovado por um estudo realizado há bem pouco tempo entre a população mais jovem.
Outro factor que afecta no meu entender a auto-estima e que por acaso atinge todas as classes etárias, é o problema do desemprego e algumas injustiças inerentes a este problema.
Talvez não seja coincidência que é nas alturas de crise que aparecem os mensageiros do humor caustico, da ironia, das cantigas de escárnio e do maldizer. É mais um refúgio? É tão só a critica fiel aos problemas sociais?
Não sou uma pessoa afligida por sentimentos de ódio ou vingança mas a verdade é que me dá algum prazer ver o "outro lado", de pessoas, situações que até certa altura nos infligiram alguns ferimentos.
Quem escreve verdade não merece castigo. Apesar de não ser uma pessoa crente em deus, instituições e regras religiosas, a verdade é que há um outro ditado: "deus escreve direito por linhas tortas". E isto porque a vida dá muitas voltas e por vezes a auto-estima sobe consoante a crescente verificação de que há coisas, problemas, pessoas e situações que não merecem, afinal tanta devoção ou preocupação da nossa parte.
Eu já tive a oportunidade de verificar que há pessoas que precisam de "bengalas" para se auto-valorizarem. Por isso, se querem um conselho, nunca valorizem ninguém sem pensarem duas vezes, porque podem vir a rir-se mais tarde.
Por vezes andamos tão cegos, principalmente nas áreas profissional e amorosa que não somos pessoas racionais. Melhor. Deixamos de o ser.
Há uma obra deliciosa de Julio Dinis que muito nos revela sobre a verdaira essência humana. Falo de "Serões da província". Continua a ser delicioso. Gostaria de trazer para esta situação de "cegueira irracional" o episódio do "Espólio do tio Cipriano". Para quem não conhece este capitulo dos "serões da província", lembro que o narrador faz questão de evidenciar "os olhos do povo". Quando o povo fala, lá terá a sua razão. Como diria o outro, é a vida...
Conselho do Dom Quixote. "A pior falência do mundo é quando o homem perde o entusiasmo", uma frase de Isac Rubin para explicar que não devemos dar um ar de tristeza. Porque há quem se valorize com os nossos erros, paixões e também com as nossas feridas.
Não há nada mais bonito do que voltar a viver, escrever com a liberdade de um sorriso a que alguns poderão interpretar de irónico ou prepotente. Mas é apenas a segurança e a capacidade dos mais fortes que prevalece no final.
Um homem também chora. Mas SÓ quando é urgente.


Amanha estaremos por aqui Chaves aguarda-nos a partir das 00:00 Hora.

Té amanha

Sem comentários: